Por que falar de empreendedorismo na escola pública?

Empreendedorismo na escola pública

Empreendedorismo na escola pública
Empreendedorismo na escola pública

Ao longo do tempo, o empreendedorismo tem emergido como uma possibilidade relevante de formação para os jovens brasileiros, inclusive com sua incorporação no texto da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) do ensino médio 1. Ainda assim, esse tema enfrenta recorrentes críticas no ambiente da escola pública.

Em geral, observamos dois tipos de objeção. Por um lado, há os que argumentam que nada substitui a formação básica, especialmente em língua portuguesa e matemática. Por outro, argumenta-se também que esse tipo de ensino limitaria a capacidade crítica dos estudantes de refletirem sobre a realidade à sua volta.

Esses argumentos são parcialmente válidos, embora um tanto superficiais. É evidente que nada substitui a formação básica. A proposta de ensino de empreendedorismo é geralmente entendida como uma atividade complementar, oferecida em formações técnicas, por exemplo, inclusive no contraturno.

Sobre o segundo argumento, nada impede que a formação empreendedora fortaleça a reflexão dos jovens sobre a realidade. Ao contrário, é ao tentar incidir sobre essa realidade em termos práticos que o jovem tem mais oportunidades de refletir sobre ela.


 1 Práticas empreendedoras na escola: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/implementacao/praticas/caderno-de-praticas/aprofundamentos/201-praticas-empreendedoras-na-escola>, acessado em 15/03/2021.

Empreendedorismo: ONGs e microempreendedores individuais

Penso que a crítica desses observadores se refere, na verdade, a certos estilos de ensino de empreendedorismo muito limitantes. Ao discutirmos o tema, não precisamos falar apenas de empresas ou projetos de tecnologia. Devemos falar também dos milhões de microempreendedores individuais, que precisam desesperadamente gerir melhor suas atividades. Devemos falar das ONGs, empreendimentos com objetivos sociais altamente relevantes e complexos, dadas as dificuldades inerentes ao financiamento desse tipo de organização.

No fundo, é na vida social que precisamos nos inspirar para argumentarmos sobre a relevância que esse tema merece. Segundo a PNAD do 3º trimestre de 2020, o Brasil contava com 36,7 milhões – ou 44,5% do total – de pessoas ocupadas em posições que podemos definir, grosso modo, como do campo do empreendedorismo.

Empregos e empreendedores
Gráfico IBGE

Aqui, estamos nos referindo a todos aqueles que não são empregados com carteira assinada, funcionários públicos ou trabalhadores domésticos. Apenas os trabalhadores por conta própria, por exemplo, somam 21,7 milhões, ou 26,4% da força de trabalho. É muita gente.

Assim, cabe perguntar: que tipo de formação vamos oferecer a esses milhões de brasileiros? Afinal, esperar que o emprego formal vá surgir em algum momento parece ser cada vez mais um sonho distante frente ao nosso anêmico crescimento econômico e à forte transformação técnica do mundo do trabalho.

É neste contexto dramático que formar cidadãos para empreender parece fazer todo o sentido.


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