Ser ou não ser digital: será essa a questão?

Ensino remoto. Ser ou não ser digital
Ensino remoto

A escola digital veio para ficar? Esta é a pergunta que milhares de educadores fazem para si mesmos enquanto sofrem com o dia a dia das aulas online e das câmeras desligadas, tendo a impressão de que a aprendizagem dos alunos está sendo comprometida.

Não por acaso, muitos anseiam pelo retorno do ensino presencial, enquanto alguns chegam até mesmo a desejar a total extinção do ensino remoto. Mas o que a pandemia está paradoxalmente evidenciando é que parte dos alunos (uma minoria, por enquanto) prefere a experiência digital – e isto também é verdade para alguns professores. Esse foi um dos temas de um artigo recente do New York Times1.

Segundo essa matéria, dentre os alunos que preferem o digital, há jovens com problemas de saúde e dificuldade de acompanhar a rotina da escola convencional. Encontramos também aqueles que sofrem para se deslocar ou que são obrigados a viver longe da escola por conta de alguma questão familiar. Existem também as vítimas de bullying ou, ainda, os que preferem o digital em função da conveniência, quando sentem ser capazes de direcionar suas atividades com uma frequência distinta da do ambiente escolar convencional.

No Brasil, com as dificuldades de conexão e acesso a equipamentos adequados, tal possibilidade ainda parece meio esotérica, especialmente para os extratos mais vulneráveis do alunado. Mas, se olharmos historicamente, é possível perceber que houve um avanço impressionante da tecnologia digital na última década. Embora essa evolução tenha sido mais intensa no ensino superior – tanto que a maioria dos nossos pedagogos é formada por meio do EAD –, ela vem avançando rapidamente no ensino básico.

Na verdade, fazemos hoje o que há pouco tempo era inimaginável. E as tecnologias digitais continuam evoluindo. Em breve, o celular 5G deverá melhorar a qualidade do acesso e ampliar ainda mais as possibilidades dessas tecnologias. Aliás, a flexibilidade proporcionada pelo EAD, que pode ser utilizado na rua ou no transporte público (dependendo do modelo), torna-o particularmente atraente para pessoas com a rotina carregada ou que já estejam engajadas no mercado de trabalho, caso dos alunos do ensino técnico, por exemplo.

Ensino remoto ou híbrido
[Fonte: http://www.andes.sindoif.org.br/2020/08/13/consup-inicia-votacao-de-ensino-remoto-no-ifrs/]

No fundo, é provável que estejamos evoluindo para um modelo híbrido. Ao lado da escola presencial, os alunos contarão também com soluções digitais de diversos tipos para exercícios, provas e aulas complementares. E isso já está acontecendo em algumas redes privadas e públicas. O maior entrave nesse momento ainda é a desigualdade social e de acesso às tecnologias digitais, mas para resolver isso é necessário implementarmos políticas públicas também com um olhar mais digital.

Se esse movimento significar uma ampliação das escolhas de indivíduos e famílias, ele pode ser muito positivo. O problema é que precisaremos superar a dicotomia entre digital e presencial. Para o bem ou para o mal, tais modelos têm se misturado cada vez mais no mundo contemporâneo, especialmente para a população mais jovem. Portanto, nada mais lógico – ou mesmo inevitável – que a escola também siga esse caminho.

 1 Ver: Online Schools Are Here to Stay, Even After the Pandemic
https://www.nytimes.com/2021/04/11/technology/remote-learning-online-school.html?referringSource=articleShare


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